6 números mostram o dramático impacto do coronavírus na economia

18/05/2020
Imagem: Banco de Imagens
Imagem: Banco de Imagens

Em apenas dois meses, a pandemia de covid-19 liquidou as esperanças dos brasileiros de uma recuperação rápida da economia. Antes do coronavírus, o país vinha gradualmente deixando a recessão para trás e assumindo uma trajetória econômica positiva, mas isso mudou com impressionante rapidez.

Investimentos foram cancelados, empregos foram perdidos e empresas ameaçam fechar as portas, gerando mais desemprego. Para muitas organizações e pessoas, os planos de crescimento transformaram-se em luta pela sobrevivência. Veja seis números que dão uma ideia do tamanho da crise desencadeada pelo coronavírus.

O PIB brasileiro pode cair 7,7% em 2020
Sistemas de saúde precários, pouca margem para estímulos fiscais e alto grau de informalidade tornam a América Latina particularmente vulnerável aos efeitos econômicos devastadores da pandemia de coronavírus. Quem diz isso é o Bank of America (BofA), num relatório publicado nesta semana. O banco prevê que o PIB brasileiro deve cair 7,7% neste ano como consequência da pandemia. Se esse número se confirmar, será a pior recessão da história do Brasil.

O dólar caminha para além dos R$ 6
O real já acumula uma desvalorização de 45% em relação ao dólar neste ano e há indícios de que essa trajetória de baixa vai continuar. No mercado financeiro, a pergunta não é “se” o dólar vai superar os 6 reais, mas apenas “quando” isso vai acontecer. A moeda até chegou a bater nesse valor durante a última semana, mas recuou por causa das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Na última sexta-feira (15 de maio), o dólar comercial terminou o dia cotado a 5,84 reais. Já o dólar turismo ficou em 6,15 reais.

Outras moedas de países emergentes também têm se desvalorizado. Além da pandemia de covid-19, a guerra comercial entre Estados Unidos e China tem contribuído para esse efeito. Um real fraco ajuda os exportadores, mas encarece inúmeros produtos que são importados, dependem de insumos importados ou têm seus preços atrelados a mercados internacionais.

Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram 39%
Dados do IBGE apontam que já houve alguma alta no desemprego no primeiro trimestre. A taxa de desocupação no país foi de 12,2%, contra 11,0% no quarto trimestre de 2019. Ela aumentou em 12 dos 27 estados. Não é uma mudança dramática, mas é certo que um aumento maior vai ser revelado quando se divulgarem os números do segundo trimestre, em que o país está sendo mais duramente atingido pela pandemia de coronavírus.

Um indício disso está no número de pessoas que pediram seguro-desemprego em abril, que aumentou 39% em relação ao número de março, segundo o Ministério da Economia. O Ministério também divulgou que 6,2 milhões de pessoas aderiram à medida provisória que permite a redução de salário e a suspensão do contrato de trabalho — uma forma de evitar a extinção de mais empregos.

Outro indício de que o desemprego está aumentando está no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), da FGV, que monitora os rumos do mercado de trabalho no Brasil. Ele despencou de 82,6 pontos, em março, para 39,7 pontos, em abril. É o menor nível desde 2008, quando a FGV iniciou a série histórica da pesquisa.

A produção industrial encolheu 9,1% em março
Pela primeira vez desde que o IBGE começou a monitorar a produção industrial no país, em 2012, ela encolheu nos 15 locais em que essa pesquisa é feita. Em São Paulo, maior parque industrial do país, a redução foi de 5,4%. As quedas mais intensas ocorreram no Ceará (-21,8%), no Rio Grande do Sul (-20,1%) e em Santa Catarina (-17,9%). Considerando-se o país inteiro, a produção encolheu 9,1%, aponta o IBGE em sua Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional (PIM Regional). É mais um indicador sinalizando que estamos entrando numa recessão.

O risco-país foi de 95 para mais de 400 pontos
Aos olhos dos investidores internacionais, o Brasil se tornou um país mais arriscado para investir neste ano. O Credit Default Swap (CDS) do país já aumentou 255% no ano, indicando que os investidores internacionais veem risco crescente de o Brasil dar um calote em sua dívida externa. A situação do país é pior que a de outros emergentes. O CDS do México, por exemplo, avançou 175%; o do Chile, 140%; e o da África do Sul, 137% (Argentina e Venezuela não contam por já estarem em situação de calote).

Antes da crise do coronavírus e da piora do ambiente político, investidores viam o Brasil com chance de retomar o grau de investimento, o selo de bom pagador concedido pelas agências de avaliação de risco. No começo de janeiro, o CDS brasileiro estava em 95 pontos, o menor nível em dez anos. Em abril, as taxas chegaram a superar 400 pontos, mesmo nível que o Brasil tinha no começo de 2016, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff. Com isso, a sonhada volta ao grau de investimento, que traria mais investimentos estrangeiros para o Brasil, ficou muito mais distante.

O custo global da pandemia pode chegar a US$ 8,8 trilhões
Um estudo divulgado nesta semana pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês) estima que o custo da pandemia de coronavírus pode chegar a US$ 8,8 trilhões, dependendo da evolução do surto e do alcance das respostas dos governos. Esse número equivale a quase 10% do PIB global. O ADB ainda calcula que entre 158 milhões e 242 milhões de empregos podem ser eliminados globalmente, sendo 70% deles na Ásia e no Pacífico. Na China, até 95 milhões de empregos podem desaparecer, diz o banco.

Esse é o pior cenário previsto pelo banco. O impacto da covid pode ser mais brando se os governos agirem com eficácia para mitigá-lo. Mas não há dúvida de que o mundo está ficando mais pobre por causa da pandemia.

Fonte: Exame.com

Faça um comentário
Imprimir

Avaliar

  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5

Resultado da Avaliação:

  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
0

Deixe o seu comentário:

Indique a um amigo: